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Amanhece

© Dani Sousa

04/12/2024 às 18h33 Atualizada em 04/12/2024 às 18h46
Por: CAJU
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Amanhece

Amanhece 
O sol aquece
Entrando pela janela do quarto
Bate no meu rosto
E minha mente movida a muito esforço 
Transfere energia ao meu corpo
Tudo calculado,
Premeditado
Preparado antes mesmo de me dar o direito da pausa
Escassa, rara
E levanto, calçando meus pés no chão puro
Me expulso
Do conforto da cama quente que me agarra
Tenta por vezes e vezes 
Testar a minha garra
Mas com bravura venço
O que do dia que seguirá é apenas a primeira amarra
E sigo, vestindo outra capa que me faz parecer diferente
Largo de vez o conforto
Daquela veste, indecente 
E na esperança de uns rélis instante
Que torna tranquilo todo o restante 
E não alimenta o que é deveras inquietante
Chego ao pé do fogão
Esquento a água na velha chaleira amassada
Saboreio o cheiro do café que sobe
Acolhe
Encolhe
Escolhe
Uma sequência de formas e formas de interpretar as lutas 
que vezes ou outras afligem o coração
São cerca de 10 minutos
Contados no relógio do aparelho
que a cada 10 minutos aparece de repente em minhas mãos 
Que sem justificativa fazem parte do meu dia acontecer em vão 
Status, mensagens, time line
Afinal, nos últimos tempos aprendemos
Quão importante é está “on line”
Mas não deixo o café esfriar
Saboreio até a última gota
Do que é café e do que é lar
Saio
Me embaraço 
Com buzinas e trânsito
Mau humor por falta de descanso 
Daquele que não conheço
Mas que dia após dia divido o mesmo espaço 
Zumbificados
Chego onde há uma função pré reservada para mim
Viro um número 
Mais um número
Sem Valor, só Valor $ 
Que alimenta um sistema cartesiano 
Pensado por gente que nem parece humano 
E ano após ano
Esquece de saborear o café 
De manhã 
São um clã 
E eu me adequo 
Tento com palavras discretas
Atingir quem está perto
De forma secreta
Mostrar que é simples 
Permanecer na estrada certa
Findo o dia
É tarde
Em face de escolhas equivocadas
Prioridades de quem?
Perco o pôr do sol
Aquele que faz tão bem quanto o café, cedinho
Que costumo ver por 3 minutos
Até que minha rota me faz desviar
Hoje não o vi, ele, o sol...
Mas no outro dia ele estará lá 
Outra vez e outra vez
Todos os dias, no mesmo horário 
como meu café, de manhã 
Me esperando, como uma nova chance
Faço o caminho contrário do que fiz no início
E respiro sentindo alívio 
De que chegou
E encontrou
O lar, fiel, 
Que causa sensação tão boa quanto saciar um vício...

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